Data do post:
Categorias do post: Agronegócio, Blog, Economia
Temas do post: agfintech, agricultura, agro2021, agronegocio, economiaagro, finançasagro, fintech, indicadores2021, indicadoresagro, safra2021, startup, taxadejuros
O que esperar dos indicadores econômicos para o agro em 2021? Os indicadores econômicos sugerem um ano positivo e menos turbulento do que o de 2020 para o agronegócio, com redução da inflação, crescimento do PIB Agro e manutenção da taxa de câmbio no patamar de 5%.
A princípio, os indicadores econômicos funcionam como termômetros da economia e nos ajudam a projetar o futuro. Portanto, eles devem servir de fundamento para a tomada de decisão, principalmente aquelas que envolvem:
– Compras de insumos;
– Vendas de mercadorias;
– Ampliação ou redução da produção;
– Investimentos em infraestrutura.
Para esses fins, os principais indicadores econômicos a serem acompanhados são:
– Inflação;
– Produto Interno Bruto (PIB);
– Taxa de câmbio;
– Taxa de juros.
Contudo, além desses, outros indicadores são estratégicos para a projeção do cenário futuro:
– Crescimento da população;
– Rendimento médio real.
Por fim, vamos ver como está a projeção do mercado para cada um desses indicadores para o ano de 2021?
Conceito: A inflação consiste no aumento generalizado dos preços. O principal indicador utilizado para medir a inflação brasileira é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O IPCA fechou 2020 com uma alta de 4,52% em relação a 2019. A projeção para 2021 é que a alta seja um pouco menor: 3,60%. Em 2022, a expectativa é que ela reduza ainda mais, para 3,49%. E, a partir de 2023, se estabilize em 3,25%. Portanto, esse movimento de queda pode ser observado no gráfico 1 abaixo.
Gráfico 1 – Projeção do IPCA (%) para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Esse cenário de redução da inflação nos próximos anos é favorável, dado que ele apresenta uma expectativa de estabilidade dos preços, que se reflete no baixo nível de inflação. Ele é importante porque facilita o cálculo do preço de venda da produção sem comprometer a capacidade de compra de insumos para a produção seguinte, já que garante por mais tempo o poder de compra do produtor. Por outro lado, favorece a manutenção do poder de compra dos consumidores, que tendem a aumentar a demanda. Esse movimento tende a gerar um ciclo crescente da quantidade produzida, o que é positivo.
Conceito: O PIB é calculado a partir da soma de tudo que foi produzido (bens e serviços) internamente no país. O PIB é o principal indicador de crescimento utilizado. Apesar da projeção ser positiva para os próximos anos, ela também apresenta expectativa de redução, o que não é interessante. A expectativa é que o PIB cresça 3,47% em 2021, mas se estabilize em 2,50% a partir de 2022, como é mostrado no gráfico 2.
Gráfico 2 – Projeção do PIB (%) para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Isso implica em um nível de crescimento baixo, que desfavorece o aumento do poder de compra interno e de sua demanda. Nesse sentido, o Banco Bradesco projeta um cenário um pouco mais otimista para o Brasil, com um crescimento real do PIB de 3,60% em 2021, e uma estabilização em 3% para os anos seguintes: 2022, 2023 e 2024.
Já para o setor da Agropecuária, o banco Bradesco projeta um crescimento de 2,00% em 2021, e de 3,5% a.a. para 2022, 2023 e 2024. Dessa forma, o crescimento do setor seria inferior ao PIB total em 2021, mas superior a este nos anos seguintes, o que fortalece a importância do setor para o PIB do Brasil.
Gráfico 3 – Projeção do PIB Agro (%) para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), porém, apontam um crescimento do PIB da Agropecuária mais otimista, da grandeza de 3% a.a., e o Valor Bruto da Produção (VBP) seria de aproximadamente R$ 903 bilhões, o que representa um crescimento de 4,2% a.a. em 2021. Isso implica que a expectativa é que o setor mantenha o ritmo de crescimento nos próximos anos.
Primordialmente, a taxa de câmbio é o indicador utilizado para medir a diferença de valor entre duas moedas. A mais utilizada no Brasil é a que considera o real em relação ao dólar (R$/US$). De acordo com o Boletim Focus do Banco Central do Brasil, a expectativa é que a taxa de câmbio fique na casa dos 5,01% em 2021, e 5% em 2022. Em 2023 ela se reduziria para 4,86% e para 4,90% em 2024. Portanto, observa-se que a expectativa é de manutenção da taxa de câmbio no patamar atual.
Gráfico 4 – Projeção da Taxa de Câmbio – fim de período (R$/US$) para 2021, 2022, 2023 e 2024.
A taxa de câmbio nesse nível mantém uma situação interessante para o produtor Agro, dado que aumenta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional, já que o nosso produto fica mais barato para o consumidor internacional. Por outro lado, ela encarece os insumos que são importados, como os fertilizantes. E nesse sentido, merece atenção e espaço no planejamento do produtor.
Conceito: A taxa de juros representa o custo do dinheiro. No Brasil, a taxa básica é a Selic. Logo, Ela é determinada pelo COPOM e é o principal instrumento de política monetária, utilizada para controlar a inflação.
A expectativa é que ela aumente nos próximos anos, como pode ser observado no gráfico 5. A previsão é que ela aumente para 3,5% até o final do ano de 2021, para 5,0% em 2022, e se estabilize em 6,0% a partir de 2023.
Gráfico 5 – Projeção da Meta da Taxa Selic (% a.a.) para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Isso significa que o custo do crédito tenderá a aumentar nos próximos anos, como foi discutido no artigo “Oportunidade de tomar crédito com a menor taxa de juros da história!”. Isso implica que os insumos comprados a prazo ficarão mais caros, o que irá demandar mais eficiência na organização do estoque. Além disso, o produtor deverá rever as taxas praticadas nas vendas a prazo, pois essas deverão ser ajustadas para manter as contas saudáveis.
Um dos indicadores econômicos para o agro mais importante de ser observado, por estar relacionado ao aumento da demanda, é a taxa de crescimento da população. De acordo com os dados do Banco Bradesco, a projeção é de que a população brasileira cresça para 213,4 milhões de pessoas em 2021, para 214,75 em 2022, para 216,00 milhões em 2023 e para 217,19 milhões em 2024, como pode ser observado no gráfico 6.
Gráfico 6 – Evolução da população (milhões) do Brasil para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Esse aumento é favorável ao setor Agro, pois ele se traduz em aumento do mercado e da demanda interna, ao mesmo tempo que reduz em parte a dependência dos nossos produtores do mercado externo para aumentar a quantidade produzida.
Primeiramente, saiba que o rendimento médio real é um indicador que aponta a evolução da renda da população brasileira. Assim, a projeção realizada pelo Banco Bradesco aponta que ele terá um crescimento de 3,0% em 2021, mas que o aumento irá cair para 2,0% em 2022 e se estabilizará nesse patamar até 2024, como é mostrado no gráfico 7.
Gráfico 7 – Taxa de crescimento do rendimento médio real (% a.a.) do Brasil para 2021, 2022, 2023 e 2024.
Apesar de não ser uma projeção crescente, é muito positiva, pois se trata de aumento do rendimento médio real, ou seja, acima da inflação. Isso implica que os consumidores brasileiros irão conseguir aumentar a sua renda continuamente, e, portanto, o seu poder de compra, em aproximadamente 3,00% em 2021.
Agora que você sabe o que o mercado espera de 2021, o próximo passo é ajustar o seu planejamento ao cenário projetado. Porém, devemos sempre estar cientes de que as projeções são estimativas. Ou seja, podem mudar ao longo do ano, a depender de eventos inesperados que podem ocorrer, como a pandemia do Covid-19 em 2020. Nesse sentido, políticas do governo nacional ou por políticas externas também podem afetar o planejamento.
Por isso, além de conhecer os indicadores econômicos para o agro é sempre importante ter alguma margem de segurança em todas as tomadas de decisão.