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Temas do post: #agro, #agronegocio, #investidor, #investimento, #produtor, #rural, #selic
Mas afinal, o que é a taxa Selic (sem complicações e jargões do velho economês!) e o que ela tem a ver com você, produtor rural? Pois bem, antes de respondermos à primeira pergunta, já devemos adiantar que a resposta para a segunda é: tudo!
Vamos mostrar em poucas linhas, como a queda da taxa Selic representa uma verdadeira oportunidade, não somente de manutenção do seu negócio, mas, principalmente, de crescimento para o produtor rural no país.
Pela quarta vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa Selic por meio de uma redução de 0,5 ponto percentual, anunciada no dia 11 de dezembro de 2019. Com isso, a meta Selic para o ano de 2019 ficou em 4,5% a.a, a menor em toda história de vigência da taxa.
Primeiramente, e o que poucos sabem, é que o termo Selic é uma sigla, cujo significado é: Sistema Especial de Liquidação de Custódia. Ok, mas isso não ajuda muito a esclarecer o que ela realmente representa! Pois bem, de forma bastante simples, devemos ter em mente que a Selic é a taxa de juros básica da economia, controlada diretamente pelo Governo Federal (a única), por intermédio do Copom do Banco Central (BC). Quando ouvimos no noticiário acerca de uma redução ou aumento da taxa Selic, isso quer dizer que essa decisão resultou de uma reunião deste Comitê (o que acontece a cada 45 dias).
Mas, por que o Copom se preocupa e decide acerca dessa taxa de juros? Acontece que, desde a queda do sistema de âncora cambial em 1999, o Brasil passou a se utilizar do regime de metas de inflação para controle deste fenômeno que tanto assombrou o povo brasileiro na década de 1980 e início dos anos 1990. Assim, de acordo com o novo método de controle, define-se uma meta para a taxa de variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) que deverá ser atingida por meio da fixação de uma meta de taxa de juros (Selic). É, portanto, por meio desse instrumento, qual seja, a taxa de juros que a autoridade monetária do país busca que a inflação se situe em linha com a meta definida.
Como ocorre efetivamente a imposição da Selic pela autoridade monetária?
No último ano (2019), com a lentidão na recuperação da crise econômica iniciada em 2015 e mediante uma inflação relativamente baixa ao longo dos meses (com exceção do mês de dezembro em que o IPCA registrou aumento de 1,15%, especialmente influenciada pelo preço da carne), houve espaço e motivação para redução da taxa Selic. Isso porque, quando a Selic cai, isso significa uma queda no custo de captação dos depósitos em poupança pelas instituições financeiras (tal como explicamos no parágrafo anterior), o que, por sua vez, conduz a uma redução da diferença entre essa taxa de captação e a taxa de empréstimo às pessoas (físicas ou jurídicas).
Então, meu amigo, como a taxa Selic baliza as demais taxas de juros da economia brasileira, sua queda no período mais recente significa tanto expansão da oferta de crédito, como redução de seu valor, ou seja, do custo dos empréstimos, além, é claro, de se tratar de uma sinalização para alavancar a dinâmica econômica, estimulando o consumo e o investimento.
Tendo em vista, de um lado, as medidas econômicas de austeridade, ou seja, de controle das contas públicas (tais como as já aprovadas reforma trabalhista e previdenciária, e também a administrativa que estará em pauta neste ano de 2020), e de outro, a expansão do crédito a um menor custo, logo se vê porque alguns indicadores de confiança dos investidores tem aumentado.
No setor agropecuário o cenário é bastante promissor, do ponto de vista de oferta de crédito ao produtor, seja para custeio, investimento, comercialização ou industrialização. As fontes de recursos oficiais para o crédito rural provêm em alguma medida dos depósitos à vista (que consistem no percentual de depósitos captados pelos bancos comerciais) e da poupança rural (que são recursos captados em poupança rural por bancos autorizados). Essas duas fontes são diretamente influenciadas pelo patamar da taxa Selic (cuja queda, significa uma redução no custo de captação de recursos pelas instituições financeiras e, por conseguinte, leva a uma diminuição do custo dos empréstimos à população, conforme aprendemos anteriormente).
Mas não é só isso, caro leitor, no mundo dos investimentos financeiros, a queda da taxa Selic significa diminuição na rentabilidade de títulos de renda fixa que são corrigidos por essa taxa (como é o caso dos títulos da dívida pública) comparativamente a outros títulos. Por isso, é esperado que o investidor prefira títulos de outros segmentos como, por exemplo, as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que constituem outra importante fonte de financiamento a você, produtor rural!
Portanto, se você passou por dificuldades nos últimos anos, está com uma dívida cara, cuja rolagem têm consumido todos seus rendimentos, tem se mantido com grande dificuldade, esta é uma boa hora para analisar, por exemplo, possibilidades de refinanciamento, considerando a grande chance de encontrar juros mais baixos no presente momento e ganhar fôlego! Por outro lado, se é de expansão que seu negócio precisa, novos investimentos em sua propriedade agrícola ou se deseja, por exemplo, começar a industrializar produtos agropecuários, abraçando mais uma etapa do processo produtivo, então também é sua oportunidade para correr atrás de um bom empréstimo e dar uma guinada no seu negócio!
As oportunidades, a baixa da Selic já trouxe, meu caro… Agora é sua vez de partir em busca de uma delas!