Há alguns anos muito se fala sobre as startups voltadas para a cadeia do agronegócio, as chamadas agrotechs ou agtechs, empresas de base tecnológica que se propõem a resolver problemas do setor utilizando de novas tecnologias.
Porém muito pouco da revolução 4.0 que o agronegócio vem passando ainda se deve as agtechs, apesar de suas soluções inovadoras, ainda não vemos grandes startups despontando na cadeia agro, como já ocorre nos Estados Unidos, onde a Indigo Agriculture, foi a primeira a ser considerada um unicórnio com valor de mercado superior a 1 Bilhão de dólares em 2017.
No Brasil no cenário das agtechs ainda temos somente apostas, algumas empresas como já levantaram grandes rodadas de captação os chamados séries B de até R$ 60 Milhões de dólares, porém a adesão do mercado às soluções propostas ainda não atingiram grande escala.
Apesar deste cenário, é possível que nos próximos anos tenhamos não somente um, mas várias agtechs brasileiras se tornando unicórnios nos próximos anos. E é provável que os seus produtos se encaixem em uma das tendências listadas abaixo por Corbett Kull , fundador da 640 Labs, agtech adquirida pela Climate Corp. e comprada pela Bayer (Monsanto), segundo Kull em seu artigo para o AgFund News, 2020 será o ano das agtechs e estas serão as tendências para o agronegócio nos próximos anos.
Já tem um tempo que vemos diversas soluções criando formas de se coletar dados da mais diversas fontes dentro da propriedade, máquinas, estações meteorológicas, solo, animais, entre outros, mas poucas soluções trazem de fato além das informações, resultados claros e objetivos de quais ações tomar diante do apontamento dos dados.
Interpretar os dados coletados no campo e gerar um relatório de ações que devem ser tomadas é o grande desafio, das agtechs que presam por auxiliar o produtor na tomada de decisão e é o que de fato agregará valor ao produtor, e auxiliará ele na tomada de decisão.
Também será comum os produtores rurais assinarem contratos de financiamentos baseado em fornecimento de dados, dando maior segurança e facilitando a tomada de decisão pelos fornecedores de crédito no agronegócio.
Com a possível liberação da aquisição de terras por estrangeiros, como rege o Projeto de Lei (PL) 2.963/2019, que regulamenta o artigo 190 da Constituição federal, o projeto tem o objetivo de estimular a economia no campo e foi batizado pelo autor de “Terra para + Empregos + Alimentos”. Além da venda, a proposta também regulamenta o arrendamento de propriedades rurais brasileiras por pessoas físicas e jurídicas de outros países.
Este projeto que se aprovado pela CCJ, dará mais liquidez aos ativos imobiliários rurais e consequentemente maior entrada de capital estrangeiro no agronegócio nacional.
Plataformas de comercialização de imóveis rurais e financiamentos para aquisição de terras, terão um grande crescimento de demanda em caso de aprovação do projeto de lei.
Informação é poder, os produtores rurais estão começando a entender mais sobre o seu próprio negócio, com a ajuda de dados coletados da própria propriedade, recibos, notas fiscais, análise de solo entre outras informações que antes estavam descentralizadas e desestruturadas, e somente serviam para trabalhar fatores pontuais do negócio, começam a ser estruturados de forma a fornecer histórico e inteligência na tomada de decisão.
Diante disso o produtor rural que anteriormente era tido como o elo mais fraco da corrente, começa a deter a informação que seus fornecedores tanto almejam, o entendimento estruturado e baseado em dados reais da porteira pra dentro, informações que são extremamente necessárias para tomada de decisão de outros players no agronegócio, como na demanda de máquinas e equipamentos, comercialização, crédito e seguros.
Apesar do revendedor (distribuidor) de insumos ser hoje um player de grande relevância na cadeia de suprimentos do agro, é possível que com o passar do tempo e a inserção de tecnologias no campo, cada vez mais este player tenha menos relevância, a tecnologia vem para desintermediar e conectar as pontas da relação de comercialização. Os intermediários que não agregam valor algum as pontas está sendo colocado de lado.
Já temos várias iniciativas de grandes fornecedores nacionais e multinacionais, acessando diretamente o produtor rural, comercializando seus insumos e comprando sua produção. Anteriormente o foco eram os grandes produtores, porém, através de plataformas como a Orbia da Bayer, estão conseguindo acessar diretamente médios e pequenos produtores, tirando o intermediário da jogada, conseguem aumentar suas margens de ganho e entregar um produto com melhores preços e condições.
É inaceitável que somente para o agro isso seja necessário, um dos setores que mais investe em tecnologia no país, ainda ter que parar de produzir para lidar com burocracia.
Hoje para empresas e indivíduos tomar crédito, é totalmente possível que se faça digitalmente e em poucos minutos. Plataformas digitais como GERU, Biz Capital, Nubank possibilitam que isso seja possível. Porém para o agronegócio, em vários casos ainda é necessário que o produtor saia da fazenda para levar papéis ao banco ou cartório, assinar fisicamente a CPR, ou ir até o cartório para registra-la.
Com a aprovação da MP do Agro, será possível o crédito totalmente digital para o agronegócio, por isso as plataformas de crédito rural digital estão ganhando bastante atenção nos últimos tempos, empresas como a Nagro Crédito Agro, buscam fazer o crédito para o produtor rural, totalmente de forma digital, trazendo maior agilidade e redução de burocracia e atendendo a facilitando a vida dos produtores localizados em áreas remotas.
Estas tendências podem mudar a forma como a cadeia do agronegócio se relaciona nos mais variados temas, operações, financiamentos, comercialização, agricultura de precisão, seguros e várias outras áreas do agronegócio. Por isso é chamado de a revolução 4.0 do agronegócio.
E você produtor ou agente do agro, como está se preparando para esta revolução? Nos conte mais nos comentários.